Autoridades perdem o controle da venda e do consumo do crack no RS

Os pontos de venda migraram da periferia para as áreas centrais.
Droga é vendida na cara de todo mundo, em uma espécie de feira livre.

Jonas CamposPorto Alegre, RS



Em Porto Alegre, a venda e o consumo do crack estão ficando fora do controle das autoridades. Os pontos de venda da droga migraram da periferia para as áreas mais centrais e o crack é vendido na cara de todo mundo, em uma espécie de feira livre.
saiba mais
 
Em uma rua, onde os catadores chegam com os carrinhos abarrotados de latinhas para reciclar, funciona uma das principais bocas de fumo de Porto Alegre. É a esquina das ruas Garibaldi com  Voluntários da Pátria, um dos lugares mais antigos da capital gaúcha.
O movimento é frenético em meio a obras em andamento e prédios abandonados. Pequenos traficantes percorrem as ruas vendendo a droga. As cenas se repetem noite após noite e eles parecem nem se importar com quem passa. A rua é deles.
O crack chegou ao Rio Grande do Sul há 20 anos. Uma reportagem realizada em 1996 mostrou um traficante abordando discretamente o carro onde estava a equipe, sem identificação, e oferecendo a droga. Atualmente, o repórter Fábio Almeida, com uma câmera escondida, não precisou caminhar muito para comprar a droga em plena luz do dia.
Hoje, cada vez mais, o comércio da droga acontece a qualquer hora, em plena luz do dia, sem cerimônia. O mesmo local também é frequentado por mães com crianças no colo ou outras que ainda ensaiam os primeiros passos.
Todo esse comércio de drogas acontece a 300 metros de um dos prédios mais importantes das repartições públicas do Rio Grande do Sul: a Secretaria de Segurança.
A Brigada Militar faz fiscalizações seguidas na área. Os policiais revistaram bares e todas as pessoas que frequentam o local, muitas estão embriagadas e drogadas. Só este ano, em 19 ações na região, as policias Civil e Militar prenderam 35 pessoas.
Especialistas analisam
Estudioso do problema, o cientista social Charles Kieling diz que apenas a repressão policial não é suficiente para acabar com o tráfico. Ele afirma que o Estado tem de atacar as causas do problema e oferecer alternativas para que crianças e jovens possam trilhar outro caminho e, assim, não ficar vulneráveis à ação dos traficantes.
"Quando as coisas começaram a quebrar, a romper, ou seja, quando a criminalidade ganha força porque outras estruturas do estado não souberam trabalhar, aí tem que entrar a polícia para resolver essa situação que o Estado anteriormente não conseguiu trabalhar", aponta Kieling.
A prefeitura de Porto Alegre e o governo do estado têm programas de prevenção e tratamento para atender os dependentes químicos, mas o problema está ficando cada vez mais sério e precisa de ainda mais atenção.

fonte: Portal Globo

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

AGENTE DA COMUNIDADE