Maioria dos usuários de crack morre também devido a violência
— As pessoas que consomem o crack têm morrido mais das mortes violentas do que de qualquer doença grave. A proporção é muito maior do que na população geral. A vida fica mais curta porque, com a droga, o usuário tem que se relacionar com um mercado ilegal — explica o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, do Departamento de Psiquiatria da Unifesp, responsável pela pesquisa.
O pesquisador acompanhou 131 dependentes da droga, internados entre 1992 e 1994, na Clínica de Desintoxicação em Álcool e Drogas do Hospital Geral de Taipas, no interior paulista. Os pacientes ou seus parentes foram ouvidos em 1996 e 1999. Nesse ano, 23 dos dependentes, ou quase 18% do total, já haviam morrido.
— O consumo do crack pode matar na primeira vez que a pessoa experimenta a droga, mas vemos que muitas pessoas morrem de questões secundárias. Brigam na rua, se envolvem com o crime ou ficam devendo dinheiro para o traficante — complementa Analice Gigliotti, chefe do Departamento de Dependentes Químicos da Santa Casa de Misericórdia.
As consequências do crack são imediatas, principalmente na aparência do usuário. De acordo com a psiquiatra Maria Tereza de Aquino, a mudança que se observa mais rapidamente é o emagrecimento.
— Um paciente meu emagreceu 20 quilos em uma semana. A perda de peso, num primeiro momento, é o que mais impressiona. Os dependentes ficam sem comer. Alimentam-se da droga — conta a psiquiatra da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Na boca, as marcas do vício
A destruição do crack também é visível pelas queimaduras na boca e pela deterioração dos dentes dos viciados. A cirurgiã-dentista Sandra Crivello, que trabalha com a reabilitação de dependentes químicos em São Paulo, explica que os usuários do crack são facilmente identificados pela boca.
— Há alguns sinais específicos. A boca, por exemplo, fica com marcas de queimaduras, já com a formação de calos esbranquiçados, após tantas lesões na mesma área — explica ela.
A rapidez e a intensidade dos efeitos do crack, segundo o psicólogo Pablo Roig, dono de uma clínica de reabilitação de dependentes químicos há 30 anos em São Paulo, são responsáveis pela decadência que a droga causa.
— Em questão de segundos, o crack age no cérebro do usuário. Quanto mais rápida é a droga, mais rápida é a dependência que ela cria. O crack tem uma capacidade destrutiva intensa. O usuário não o consome porque quer, mas porque precisa — explica, acrescentando que 30% dos que usam crack há mais de cinco anos acabam morrendo pelos efeitos da droga.
Em Limeira a Ong Unidos Contra o Crack coordenação do Pastor Nilton Santos realiza trabalho de prevenção e ajuda as famílias dos dependentes de crack.
Fonte: EXTRA ON LINE
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