Após encontrar estudante, ex-usuário de crack deixa droga e vira marceneiro
 

Fonte: Jéssica Nascimento
Do UOL, em Brasília
          
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    Ex-usuário de crack, Adeílson Mota, 39 anos, hoje é casado, trabalha diariamente, inclusive aos finais de semana, como marceneiro Ex-usuário de crack, Adeílson Mota, 39 anos, hoje é casado, trabalha diariamente, inclusive aos finais de semana, como marceneiro
Ex-usuário de crack e ex-morador de rua, Adeílson Mota, 39 anos, viu sua vida mudar quando encontrou um estudante de classe média desaparecido em Brasília, em 2013.
Em 22 de agosto daquele ano, o então morador de rua encontrou Felipe Dourado, de 22 anos. Após pegar um ônibus errado, Adeilson foi parar na Rodoferroviária e encontrou uma caixa no chão. "Chutei pra ver se tinha alguma coisa e ouvi: 'tem gente'. Fiquei com medo e decidi ir embora". Mais tarde, Adeílson passou pelo mesmo local e viu o jovem, bem vestido e de boa aparência, sentado próximo à caixa. "Reconheci o menino pelos inúmeros cartazes que estavam espalhados pela cidade. Dei uma desculpa para ele e fui até o posto da Polícia Militar. Quando voltei, ele já estava em cima de uma árvore, desnorteado."
Felipe estava desaparecido havia 13 dias e tinha sido visto pela última vez saindo da faculdade.  A família afirmou que o estudante tomava remédio controlado para depressão e, sem o medicamento, poderia ficar desorientado.
Após achar o garoto, a vida de Adeílson começou a mudar. Os parentes de Felipe levaram o homem para casa. Deram comida, banho e conseguiram uma vaga em uma clínica de reabilitação do governo, onde ficou por seis meses. "Tem que ter muita força de vontade, sabe? Graças a Deus um morador do Lago Norte confiou no meu trabalho e contratou o meu serviço. Me deu uma moto que estava parada e assim fui fazendo meu nome no ramo. Hoje em dia consigo tirar cerca de R$ 5.000 por mês".

Do crack à vida de marceneiro

Adeílson nasceu em Maranhão, mas foi no Pará que viveu toda a sua infância e adolescência. Aos nove anos, começou a trabalhar como marceneiro mesmo sem nunca ter feito um curso de especialização. Aos 32 anos, foi para São Paulo e lá conheceu o crack.
"Nunca tinha experimentado nenhum tipo de droga e muito menos possuía algum vício. Fui para São Paulo trabalhar e comecei a me envolver com o crack. Desde a primeira vez que usei já fiquei viciado".
Ao saber da situação, a mãe de Adeílson decidiu buscá-lo em São Paulo, e ele voltou para o Pará. Mas, com vergonha dos familiares, ele decidiu ir para Brasília em abril de 2013. Com R$ 1.200 no bolso, pegou um ônibus e desceu na Rodoviária do Plano Piloto. "Não tinha para aonde ir e comecei a morar na rua. Guardava todo o dinheiro dentro do sapato para não ser roubado e conseguir fumar mais pedras de crack."
Oriundo de cidade pequena, ficou assustado com os crimes cometidos contra moradores de rua. "Eu sempre via na televisão que mendigos eram queimados e fiquei com aquilo na cabeça. Sempre tentava ficar em lugares diferentes", conta.
Após o "resgate" do estudante Felipe, Adeílson se firmou no trabalho como como marceneiro, casou-se e tem planos de construir uma casa própria e até de ter filhos.
O morador de São Sebastião está há dois anos sem usar drogas. Trabalha sem descanso no galpão de casa e já possui um carro e uma moto. Porém, o grande sonho da família é conquistar uma casa própria. "Também quero montar minha oficina e contratar funcionários."

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